Mas, será que vai resultar?
Quando estamos doentes, queremos receber o melhor tratamento disponível. Mas como podemos saber se um tratamento resulta? Os ensaios clínicos aleatorizados são a melhor forma de testar se um tratamento é eficaz, se é melhor dos que outros tratamentos ou se devemos optar por nenhum tratamento.
Receita para testar um novo tratamento
1. Recrutar indivíduos que estejam doentes.
2. Dar a metade deles o novo tratamento a ser testado.
3. Dar à outra metade o tratamento padrão (ou um tratamento fictício - placebo - se não existir um tratamento padrão).
4. Recorrer à sorte para decidir quem vai receber o tratamento novo ou padrão - a isto chama-se distribuição aleatória.
6. Comparar quantos participantes melhoraram, ou apresentaram efeitos adversos, em cada grupo para ver qual é o tratamento melhor.
Porque é que os participantes num ensaio clínico aleatorizado não podem escolher o tratamento que recebem?
Se as pessoas que recebem o tratamento novo forem diferentes das que recebem o tratamento padrão ou fictício, não é possível confiar na conclusão de que o tratamento é melhor ou pior. Porquê? Porque as diferenças nos resultados podem dever-se a diferenças pré-existentes entre os grupos. A melhor forma de obter grupos semelhantes é recorrer à sorte para decidir que tratamento uma pessoa recebe, por exemplo, atirando uma moeda ao ar, fazendo um sorteio ou utilizando um programa de computador para efetuar a aleatorização.
Também não queremos que as pessoas pensem "Fiquei com o melhor tratamento" ou "Fiquei com o pior tratamento" pois isto pode, na verdade, influenciar se melhoram ou não! Por isso, os participantes não devem saber que tratamento estão a receber. A isto chama-se "ocultação". Também é melhor que não se saiba que tratamento cada doente recebe (a isto chama-se ocultação de prestadores de cuidados, avaliadores e investigadores) pois isto também pode influenciar os resultados!
Não se esqueça, não pode ter a certeza sobre o tratamento que é melhor até obter os resultados dos ensaios clínicos aleatorizados - os ensaios podem ser realizados para resolver a incerteza sobre qual é o tratamento ideal. Muitas vezes, é preciso mais do que um ensaio para decidir mesmo!
É provável que não tenha a possibilidade de criar o seu próprio ensaio, mas pode ser-lhe pedido que participe num ensaio como doente. Antes de concordar, é importante que compreenda o modo como funcionam os ensaios clínicos aleatorizados, assim como o desenho e o objetivo do ensaio para o qual é convidado e os possíveis benefícios e risco.
O projeto ECRAN destina-se a tornar mais fácil compreender a investigação médica e dar a conhecer todas as informações sobre a participação no importante processo dos ensaios clínicos.